Tamanho é documento

Eu acho que as pessoas não têm muita noção de tamanho, principalmente do tamanho de um tubarão. O post anterior descreveu, basicamente, toda a anatomia desses animais, mas, eu resolvi deixar o tamanho como elemento separado. Por quê? Porque o tamanho desses animais varia MUITO de espécie para espécie. Ao longo do blog, nós vamos comentar sobre isso, quando falarmos um pouco mais a fundo de cada uma, mas, eu queria deixar essa notinha aqui, pra propor uma reflexão (parece bobo, mas, nem tanto).

Eu tenho 1,88 m. Sim, sou bem alto, em relação às demais pessoas. Quem não me conhece, e quer ter uma noção do tipo, pense num jogador de basquete de 2 metros. Se arredondar a minha altura para 2, ou pensar apenas no jogador, dá pra fazer uma comparação com um Tubarão Branco de 6 metros, por exemplo. Imagine três pessoas de 2 metros, uma em cima da outra... Deu pra ter uma noção? Na cabeça é difícil, mas, achei um vídeo sensacional, peguem só.



Ignorem que o mergulhador quase foi mordido, e notem na proporção vertical dos dois. Dá pra ter uma noção animal, literalmente, do tamanho de um tubarão perto do ser humano. E eu chutei 6, no meu exemplo, mas, não vamos esquecer que o maior tubarão branco, registrado, foi um de 12 metros. Uhl! Agora imagina o tamanho...
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A anatomia de um tubarão - Intimidade

Quem acha que os dinossauros são os reis do passado, certamente não sabe respeitar a idade dos tubarões. Existem fósseis de tubarões que datam de mais de 300 milhões de anos atrás, antes, por acaso, da era dos dinossauros, tanto que algumas espécies, como o Tubarão-Chifre, têm a aparência de 150 milhões de anos atrás conservada.

Mas, o que torna os tubarões tão capazes de sobreviver por tanto tempo? Bom, cientistas e pesquisadores atribuem essa longevidade às características anatômicas dos tubarões, que os tornam muito competentes como caçadores e sobreviventes. E quais são essas características? Preciso avisar que esse vai ser um senhor texto comprido, creio que será o mais longo de todo o blog, pra falar a verdade, mas, é essencial pro andamento da proposta, então, se você está MESMO interessado em entender como os tubarões funcionam, vamos lá!

É engraçado observar como os pensamentos comuns sobre tubarões se manifestam. Se eu te pedir um desenho de um tubarão, muito provavelmente vou receber um esboço de corpo em forma de torpedo, barbatana dorsal alta (famosa) e dentes prontos para esganiçar um ser humano. Alguns criativos poderiam, até mesmo, desenhar uma cabeça de martelo, mas, não vamos esquecer que existem mais de 400 espécies de tubarão, e elas variam muito em aspectos de aparência.

Esqueleto de nariz? Como assim?

A maioria dos peixes que vemos por aí tem esqueletos feitos de ossos, como pássaros, os mamíferos (nós! nós!), os répteis e os anfíbios. Já nossos novos, e ancientes, amigos, os tubarões, bem como as quimeras e as arraias, possuem esqueletos compostos inteiramente de cartilagem. Pensa no material flexível das nossas orelhas e narizes, e pensa num esqueleto inteiro disso, é essa a anatomia óssea de um tubarão.

E qual a vantagem disso? A cartilagem é bem menos densa que um osso, mas, é resistente do mesmo jeito, ou seja, é um material que permite que os tubarões não afundem no oceano, apesar do peso, e que não precisem de uma bexiga natatória, como os outros peixes.

Mas, se um tubarão é um peixe, por que ele não tem escamas? Claro que eles têm. A textura da pele dos tubarões também é singular. Estamos acostumados a ver escamas grandes e vistosas, como as dos peixes com ossos. Os tubarões são revestidos de escamas muito menores e dentadas, os dentículos. Essa camada é bastante forte, e se alinha pelo corpo do animal, canalizando a água e minimizando os atritos de fricção. O peixe é perfeito, fala sério!

E pra respirar? É só entra e sai de ar?

Não é nada parecido com o nosso esquema inspira-expira. Para a respiração, os tubarões não escapam muito da lógica dos outros peixes, ou seja, eles extraem oxigênio dissolvido da água. A água entra pela boca, passa pelas brânquias e é expelia pelas fendas branquiais (aqueles cortes que ficam atrás da cabeça do animal). As fendas dos outros peixes costumam ser totalmente cobertas, diferente das dos tubarões, que são bem nítidas e exibidas, outra característica singular desses fofinhos!

Voltando. Quando a água flui pela abertura da brânquia, ela passa por pequenos filamentos no corpo dos tubarões, com uma quantidade menor de oxigênio do que a água. Essa diferença faz com que o oxigênio se alastre pela corrente sanguínea do tubarão, distribuindo energia por todo o corpo. Aposto que vocês leram esse parágrafo umas três vezes, pra entender.

Asas do mar

Se você chegou aqui sem dormir, vai lembrar que eu falei lá em cima que os peixes usam a bexiga natatória pra se movimentar. Se você não foi pesquisar o que é, é um tipo de bolsa de ar que os ajuda a se locomover na água. Quando o peixe inala oxigênio, ele libera gás para essa bexiga, aumentando a flutuabilidade na água. Pra afundar, ele tira ar fora, ou seja, um peixe funciona como um grande dirigível: encheu de ar, flutua. Soltou o ar, afunda.

Se um peixe é um dirigível, o tubarão é um avião. Ele não tem bexiga natatória, ou seja, ele conta com uma movimentação constante pra controlar a posição vertical, diferente dos peixes que também usam a horizontal. A cauda é como se fosse a turbina desse avião: balançando pra frente e para trás, ele se movimenta. Esse movimento empurra o ar pelas asas do animal, as barbatanas, que criam uma elevação, possibilitando que o tubarão consiga subir, ou descer. O mais legal do exemplo do avião é que, embora o fluido e o contexto sejam diferentes, o princípio é exatamente o mesmo.

Sobre as asas dos tubarões: são dois conjuntos de nadadeiras nas laterais do corpo e, curiosamente, na mesma disposição das asas horizontais e das asas principais de um avião. O tubarão controla o movimento do corpo posicionando essas nadadeiras em ângulos diferentes, alterando o fluxo da água ao redor delas. Ou seja, pra subir, há inclinação da nadadeira, gerando maior pressão na água, criando elevação. Quando a nadadeira é inclinada pra baixo, a pressão é maior na barbatana, empurrando o animal pra baixo.

O tubarão também conta com uma ou duas nadadeiras dorsais verticais nas costas e, em alguns casos, uma nadadeira anal inferior. Essas são as responsáveis pelo equilíbrio do animal, e o direcionam para esquerda e para a direita. Porra! E tem gente que acha difícil andar com duas pernas!

Mísseis rastreadores de sangue, odores e movimento

Todo mundo já ouviu falar nos super sentidos dos tubarões, e quem os chamou de super, não os chamou assim, por nada. Antigamente, a idéia era a de que os tubarões eram grandes narizes que nadavam. A idéia veio de testes: quando os pesquisadores tamparam as aberturas nasais de tubarões de cativeiro, e perceberam que os animais tiveram dificuldades em localizar presas, o que parecia mostrar que os outros sentidos do tubarão não eram tão aguçados quanto o olfato. Porém, pesquisas posteriores provaram que o tubarão nunca foi o animal de um sentido aguçado, mas, sim, de um grande conjunto que, sem um elemento, não funciona com eficácia.

O nariz do tubarão é, sem dúvidas, um dos fatores mais sensacionais de suas características. Enquanto o animal nada, a água flui nas duas narinas frontais, e entra pela passagem nasal, atravessando uma dobra coberta de células sensoriais, que podem detectar os menores traços de sangue na água. Um Grande Tubarão Branco consegue detectar uma minúscula gota de sangue em uma piscina olímpica. A maioria dos tubarões consegue sentir sangue e odores diferentes há quilômetros de distância.

E não adianta só constatar que há sangue na água. O olfato dos tubarões é direcional, ou seja, as narinas funcionam como ouvidos (o que entra numa narina, passa pela outra), então, o tubarão consegue, inclusive, saber de onde vem o odor e ir direto a ele, e isso é MUITO legal.

Como eu disse, não é só de nariz que vive um tubarão. A audição desses animais também é muito desenvolvida, e pesquisas já mostraram que eles podem ouvir sons quase impossíveis para a capacidade humana de ouvir. Os tubarões conseguem rastrear sons que a quilômetros deles, principalmente os de presas feridas.

Quanto à visão, é um ponto variante de cada espécie. Alguns tubarões menos ativos, que costumam ficar perto da superfície, não possuem visão muito apurada, diferente dos que ficam no fundo do mar, que contam com grandes olhos, que permitem enxergar na escuridão. Mas, não vão achando que são predadores cegos, já que a maioria dos tubarões possui um campo de visão bastante amplo (os olhos são posicionados nas laterais da cabeça, e não um do ladinho do outro, como os nossos). O caso clássico é o do tubarão-martelo, que tem os olhos saltados para fora da cabeça.

O paladar, talvez, é a origem de todos os mitos negativos sobre tubarões. Muitas espécies, antes de comer, dão aquela mordida de teste. E quem não faz isso para experimentar alguma batata, no almoço? Bom, a batata não está viva, né? Quando eu digo mito negativo, é porque os tubarões, na maioria das vezes, rejeitam presas que estão fora de seus cardápios habituais, como os seres humanos. O problema é que rola a primeira mordida, antes da rejeição, mas, falaremos disso em outro post...

Muito além de cinco sentidos

Se cinco sentidos bastante apurados já deixam os tubarões assustadores, o que dizer de um sexto? E que tal uma sensibilidade singular para o mínimo impulso elétrico na água? O tubarão tem, sob a pele da cabeça, pequenas células receptoras que detectam traços de eletricidade, os ampulários de Lorenzini. Não há total conhecimento sobre como essas células funcionam, mas, sabemos que são pequenos tubos preenchidos com uma espécie de gosma. Os ampulários, ainda que misteriosos, parecem permitir que os tubarões sintam a presença de campos elétricos gerados por organismos vivos. O alcance desse sentido elétrico não aparenta ser tão eficaz quanto os outros, mas, garante que o tubarão saiba, com toda certeza, que há movimento vivo por perto.

O sétimo sentido do tubarão é a linha lateral. Trata-se de um conjunto de tubos embaixo da pele do peixe. A água flui para dentro dessas cavidades, através de poros nas escamas. Por dentro dos tubos, há uma série de fios que se conectam com células sensoriais. Ou seja, o tubarão consegue sentir na própria pele, e literalmente, o movimento de qualquer presa.

Um triturador natural

Passamos o post analisando o corpo do tubarão, mas, ainda não vimos o que os torna armas letais, de fato: mandíbulas e dentes.

Como os dentes de leões ou ursos, os dos tubarões são absurdamente afiados para cortar a carne. Animais exclusivamente carnívoros, ainda que algumas espécies contem com grandes abridores de conchas na boca, possuem dentes adequados para devorar carne. Assim como há grande diversificação de espécies, há uma grande variedade de dentes de tubarões. Podemos dividi-los, de maneira bem geral, em duas categorias:

Dentes longos e finos: presentes em espécies como o Tigre-da-Areia e o Duende, são estruturas adequadas para caçar peixes de pequeno porte. O tubarão mata a presa instantaneamente com uma única mordida, e a engole em seguida, por inteiro.

Dentes serrados: É um pouco mais complicado eliminar presas maiores com uma única mordida, o que acaba exigindo um número maior de mordidas. Os dentes serrados estão presentes em espécies como o famoso Grande Tubarão Branco, que os usam como facas de corte. O que é mais assustador, é que são dentes que serram da carne até o osso com facilidade: ou seja, é pra arrancar pedaço, MESMO. O tamanho do dente, também grande, funciona como um garfo, não deixando que a presa saia do lugar, enquanto é devorada.

Apesar de uma estrutura dentária de consistência tão básica quanto a nossa, os dentes dos tubarões não ficam acoplados em compartimentos, e não são substituídos depois da infância. São dentes presos às mandíbulas, através de um tecido macio, que caem o tempo todo (por isso, vira e mexe, alguém encontra um dente de tubarão, enquanto mergulha). Se o dente está gasto, ou quebrado, ele é liberado, dando espaço para o crescimento rápido de um novo e afiado.

Além disso, a mandíbula se posiciona de uma maneira bem peculiar, como se fosse projetada para ser uma arma. Na maioria dos animais, a mandíbula inferior move-se livremente, diferente da superior - observe que você não consegue deslocar os dentes de cima-. Nos tubarões, a mandíbula está abaixo do crânio, e pode ser solta quando o tubarão ataca. Enquanto a mordida acontece, a mandíbula é empurrada para frente, agarrando a presa.

Reverência

O tubarão é um grande conjunto de fatores que o tornam um predador perfeito. Ele é preparado para localizar, perseguir e devorar uma presa, ou seja, preparado para sobreviver por si só. Lembrando, como dito no começo, que são aspectos que devem ser analisados juntos. Não dá pra tirar uma peça de máquina e analisar sozinha. A anatomia do tubarão é o começo de um sentimento de admiração. Se o ser humano é a máquina perfeita, os tubarões superaram a perfeição. E já deu pra perceber que eu AMO esses peixes, não?
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Quem tem medo de tubarão?


O que fazer quando um peixe de 7 metros, 2 toneladas e 3 mil dentes está sorrindo para você? Eu, sempre que via documentários, filmes ou qualquer coisa do gênero, me perguntava o que eu faria, se estivesse ali, cara a cara com um Grande Tubarão Branco. Não sei dizer se foi a curiosidade, o medo, o respeito ou a fascinação pelos tubarões, mas, desde os 11 anos, que eu me lembre, e quando ganhei um pequeno tubarão de pelúcia, que cultivo um sentimento estranho para com todos os tipos desses animais.

Todo mundo adora ter medo de tubarão. Não sei dizer se foram os filmes, ou se é a pura inaptidão do ser humano no mar. Sempre que ia à praia, eu pensava em como nós, seres humanos, somos frágeis na água: não conseguimos gritar, somos lentos e nem imaginamos o que está lá embaixo, nos observando, farejando... mordendo. E sabe o que é o pior? É que os mesmo medos que temos deles, eles têm da gente. É um clichê tão, mas, tão clichê, que acho que acabamos esquecendo.

Durante muito tempo, tudo o que se ouvia falar sobre tubarões vinha das telas do cinema, com filmes que alimentavam uma fama, diga-se de passagem, absurda, de grandes assassinos de homens. Como se os tubarões estivessem lá, o tempo inteiro esperando por alguma perna humana, e não é bem assim. Bom, não é nada assim.

A idéia do blog nasceu daí. No final, assustadores, ou não, os tubarões são animais que precisam ser entendidos. Quando eu falei pra Ana, sobre o blog, casamos com esse trabalho de Novas Tecnologias da faculdade, e vamos tentar alimentar isso aqui, nosso pequeno tubarão virtual, com notícias, vídeos, filmes e tudo o que encontrarmos por aí, que, pelo menos pra nós, parece interessante pra galera ler, descobrir e tudo mais. Chega de introduções, e vamos ao que interessa. Boa viagem pra todo mundo!

Francisco Junqueira
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